Notícias Automotivas - Carros - Nissan Leaf: andamos no elétrico durante o Nissan Innova Show
Ontem (24) e hoje (25), a Nissan promove em Santos – SP o Nissan Innova Show, um evento onde o público pode testar o elétrico Leaf, o subcompacto March e toda a linha da marca no país. O Leaf está no Brasil para divulgação da tecnologia da Nissan e também para mostrar como funciona um carro elétrico.
Considerado o primeiro carro elétrico feito em larga escala, o Leaf mostra a alternativa que outros países estão procurando para reduzir as emissões de poluentes. Pouco maior que um Tiida, embora utilizando a mesma plataforma, o Leaf chama bastante atenção devido ao seu desenho singular.
Projetado para reduzir ao máximo o consumo de energia, o Leaf possui design voltado para melhoria da aerodinâmica. Desde a ausência de grade até os faróis que saltam para fora, tudo foi pensado para reduzir o atrito e o ruído de vento.
Os faróis, por exemplo, desviam o fluxo de ar da direção dos retrovisores para reduzir o ruído, bem como há um aerofólio traseiro para ajudar na estabilidade do veículo. Aliás, pensando em economia de energia, sobre esse aerofólio há um painel de células fotovoltaicas para alimentação da bateria de 12 volts.
Por dentro, o Leaf tem acabamento bom e desenho futurista do console, onde um joystick seleciona o modo de tração (R, N, D e D Eco), além de agregar dois botões P para o freio de estacionamento.
O banco do motorista e coluna de direção possuem ajustes de altura manuais. Não há luxo dentro do Leaf, pois a proposta é ser um carro funcional antes de tudo. Mesmo assim, o volante multifuncional revestido em couro passa a impressão de maior sofisticação.
Os bancos possuem tecido bastante macio, também presente nas portas. Painel, console e comandos dos vidros/trava nas portas possuem acabamento em piano black. O sistema de áudio é bastante completo, bem como o painel de instrumentos digital.
Ar condicionado automático, trio elétrico, controle de velocidade, direção elétrica, airbags, ESP, ABS, sistema de navegação, rádio-satélite XM, freios regenerativos, sonorizador, entre outros, fazem parte do pacote do Leaf.
Andando
O Leaf, como outros modelos da Nissan, possui sistema de abertura automática das portas e partida remota através de keyless. Então, ao chegar ao veículo, basta apenas apertar um botão na maçaneta externa e entrar.
A posição de dirigir é boa e mesmo um motorista de estatura alta consegue se acomodar bem. O teto é alto e deixa bastante espaço para a cabeça. O tecido dos bancos é muito macio e acomoda bem o motorista. O espaço na frente e atrás é bom, mas o porta-malas surpreende pelo volume, já que se tratando de um carro elétrico, o primeiro pensamento é que o bagageiro estará tomado por baterias.
Como possui dupla vedação de borracha, ao fechar a porta, o ambiente interno fica bastante isolado. De posse da chave, que pode estar em qualquer lugar, o motorista pisa no freio e aperta o botão de partida. Então, o sistema começa a inicialização.
Um sinal sonoro e um aviso no painel aparece. Depois se aguarda mais alguns segundos e o painel se acende completamente, mostrando as várias funções. Pronto, o Leaf já está ligado. Sem ruído de motor ou de qualquer outra fonte presente no veículo.
Então, a partir daí, o motorista aciona o botão P no alto do joystick de marchas para destravar o veículo e poder sair rodando. Mas e o outro botão de freio de estacionamento? Este não precisa ser destravado, já que o Leaf reconhece sua intenção de sair, então ele o destrava automaticamente.
Para sair do lugar, em meio ao silêncio quase absoluto, o motorista empurra o joystick para trás e “engata” o D (Drive). Se preferir andar de forma mais econômica, basta trazer o comando mais uma vez para D, que assim aciona o modo D Eco.
Para frente, o modo R (Ré) é acionado. A tela de LCD mostra a imagem da câmera de ré, e o motorista ainda conta com sensor de estacionamento para auxiliar nas manobras. Feito tudo isso com o pé no freio, é hora de acelerar.
Os 107 cv e 28,5 kgfm se fazem sentir muito mais se pisarmos fundo no acelerador. O desempenho é digno de um V6 bastante potente. Afinal, todos os 28,5 kgfm de torque estão disponíveis já no momento em que se pisa no pedal.
Não espere aquela sensação dada por motores comuns ao subir de giro, mostrando que a velocidade está aumentando. Tudo é feito em silêncio. Muito pouco se ouve do ruído dos pneus e nem o vento acusa a velocidade do Leaf.
Infelizmente o Leaf não pode ficar rodando por aí, então o teste é feito em um circuito fechado, que no caso, foi o estacionamento do Mendes Convention Center, em Santos. Mesmo assim, pequenas depressões nos asfalto podem ser exploradas. A suspensão aparentemente parece bastante confortável.
A direção elétrica é leve, mas ainda a Nissan Livina parece ser mais leve. Isso se deve também ao fato do Leaf ter rodas e pneus maiores, o que contribui mais para essa sensação. De qualquer modo, está acima da média do mercado.
Essa leveza também ajuda nas manobras, onde, aliás, o Leaf se sai bem devido ao reduzido diâmetro de giro. Os freios seguram de modo firme e sem sustos. A estabilidade é excelente. Isso sem contar que ainda utiliza o controle de estabilidade, que pode ser desligado.
O botão do ESP fica próximo ao do sonorizador. Este último item é fundamental no Leaf para evitar acidentes. Desligado, ele pode dar muita dor de cabeça ao motorista, já que se ouve muito pouco o veículo em movimento.
No teste, o sonorizador estava em nível baixo, sendo perceptível apenas junto ao veículo. Dentro, praticamente não se ouve o sonorizador, que imita o som de turbina. Quem não curtir o silêncio interno do Leaf, terá que abrir as janelas e aumentar o sonorizador ou explorar mais o sistema de áudio para voltar à normalidade do dia a dia.
Interativo
O Leaf foi feito para interagir com o motorista, dentro ou fora do carro. No console central, uma tela multifuncional mostra todas as funções que podem ser programadas ao gosto do motorista. Na função Eco, o condutor pode “construir” uma pequena árvore com os bônus que ganha ao dirigir de forma econômica.
Nível de carga das baterias, autonomia com ou sem a opção Eco, entre outras, podem ser consultadas muito facilmente. O Leaf pode ser programado para ligar e desligar seus sistemas automaticamente.
Através de um aplicativo para o iPhone, o proprietário pode programar o tempo de recarga, temperatura interior, ser avisado de carga completada, entre outras funções, sem precisar estar próximo ao Leaf.
Até mesmo durante períodos onde o veículo ficará parado, o dono pode agendar cargas periódicas para que a bateria esteja sempre com alguma carga. Tudo isso feito através de um aparelho móvel.
Alcance e economia
Sob a pele do Leaf, escondem-se o sistema de propulsão e as baterias de lítio que fornecem autonomia de 160 km, sendo carregadas normalmente em oito horas ou em 30 minutos no carregador exclusivo. Este último garante 80% da carga. Aliás, a Nissan recomenda que o nível de carga fique sempre entre 20% e 80%.
Graças ao sistema de freios regenerativos, o Leaf pode até ampliar o alcance dependendo das condições do percurso. Por exemplo, se descer a pista nova da Rodovia dos Imigrantes, poderá ampliar o alcance, já que os freios acionados recarregam as baterias.
Assim, alguém que mora em São Paulo, por exemplo, poderia curtir um final de semana na Baixada Santista utilizando o Leaf sem medo de ficar na estrada. Carregado no período noturno, no dia seguinte o retorno para a capital estaria garantido.
Mesmo assim, a proposta do Leaf é para o uso urbano, onde a maioria dos motoristas roda distâncias menores que 160 km. Ir ao trabalho, supermercado, academia, faculdade, ou qualquer lugar do dia a dia, pode ser realizado com o Leaf sem restrições.
Calcula-se que nos EUA, o custo para rodar com o Leaf chega a ser 1/3 dos demais veículos. No Brasil, ainda é uma incógnita. Mesmo assim, a presença do Leaf no Brasil mostra que não podemos ficar de fora desse mercado 100% plugado na tomada.
Nos EUA, o Leaf custa US$32.700 sem incentivos fiscais. Com o bônus “Obama”, o elétrico japonês cai para US$25.200. Mesmo assim, estados como a Califórnia, oferecem mais US$5.000 de bônus para carros elétricos, o que no final das contas faz o Leaf custar US$20.200. Ou seja, uma diferença de mais de 38%.
No Brasil, a Nissan calcula que o Leaf custe R$160.000 com a atual política do governo para carros elétricos e importados de países que não possuem acordos comerciais com ele, no caso o Japão.
Assim, mesmo com todos os impostos, taxas, licenças, tarifas e alíquotas que fazem parte da miríade tributária brasileira, ainda há quem se disponha a pagar R$160.000 pela exclusividade de um Leaf.
No entanto, isso só poderá ser feito através de um importador independente, já que a Nissan não pretende trazer o Leaf ao Brasil devido, entre outros fatores, à falta de política do governo para carros elétricos e híbridos.
Agora vamos esperar que essa barreira aos carros ecológicos tenha sua resistência abalada nos próximos anos, pois o Brasil pode acabar ficando isolado desse mercado devido ao interesse pessoal de alguns setores da indústria.
O Nissan Innova Show vai percorrer mais de 30 cidades durante 51 semanas, mostrando Leaf, March e toda a linha Nissan para o público conhecer. Semana que vem o evento estará em Campinas e depois em Piracicaba.






















