Notícias Automotivas - Carros - Análise de estilo: Honda Civic 2012
O Honda Civic mudou sem mudar. Esta é uma boa definição para a nona geração do novo Civic. De certa forma, reproduziu o padrão usado desde seu lançamento onde a cada duas gerações é que as modificações realmente aparecem.
De 1972 a 1979 e de 1980 a 1983, duas gerações parecidas. Após isso uma grande diferença. Idem as gerações de 1984 a 1987 e 1988 a 1991, parecidas e que foram ganhar uma grande modificação em 1992 a 1996 e 1997 a 2000. Mais uma grande mudança.
A linha de 2001, reestilizada em 2003, porém, não encontrou na oitava geração uma evolução, e sim uma revolução. Surge o novo Civic em 2005 (aqui conhecido como New Civic até hoje), um passo enorme que surpreendeu até mesmo os concorrentes, como a Toyota, que devido ao grande salto, atrasou a geração do Corolla em um ano para tentar dar à décima geração algum ar de novidade.
Agora na nona geração, o Civic torna a repetir o padrão e é mais uma evolução da geração que o sucede que uma nova geração propriamente dita. Mas também não é uma simples reestilização, já que todas as peças de estamparia mudaram, por exemplo.
Se o Civic era muito avançado em 2005, esta nova geração está em dia com seus concorrentes. Suas linhas são basicamente as mesmas. Sua dianteira está até mesmo mais suave. Faróis mantem-se estreitos, mas agora um pouco mais esticados para as laterais e agora perdem a pequena evidenciação do canhão do farol alto, presente no antigo.
A grade continua com duas “asas” saindo do logotipo da Honda, mas agora o novo tem duas aletas abaixo em substituição a tela do antigo e ganhou volume. Seu para choque agora corrige o efeito de “carro batido” da oitava geração.
Continua formando um ângulo de 90º em relação ao solo, que como o antigo tem a função de dar uma máxima largura visual, mas ao invés de quase não ter ângulo algum entre os vértices, agora tem a seção central mais pronunciada.
Assim o há uma escala de ângulos de forma que o balanço diantiro (distância entre o centro da roda e a ponta do para choque) não fique muito grande. Este recurso foi usado no Picanto, por exemplo. O capô teve sua área ampliada, melhorando o acesso ao motor.
A oitava geração era realmente crítica em alguns pontos para manutenção devido ao capô pequeno. Esta ampliação é muito bem vinda em um carro que tem capô curto como o Civic, devido à quase inexistente diferença entre os ângulos entre este e o para brisa.
Ainda no capô surgem dois vincos reforçando o volume da grade e faz com que este não pareça sem inspiração, algo que na geração anterior era cumprido pelo vão do capô com os para lamas. Comparando os dois, podemos ver uma continuidade das linhas da emenda do capô com o para lama do capô do Civic antigo, recortando o farol (mas ressaltando o canhão do farol alto), formando a cavidade para a grade e fazendo o caminho inverso, formando um conjunto que demonstra cuidado.
No novo, além dos citados vincos, ela também se vale das emendas do capô com os para lamas, ligando estas linhas com a divisão dos fachos do farol alto e baixo e o vinco que dá volume ao para choque dianteiro e ainda soma este efeito com o vinco que une as duas extremidades dos faróis. Isso cria uma escala de ângulos que ajuda a reforçar a largura do carro.
Com uma vista que permite ver a lateral, podemos notar o quão protuberante é o para choque dianteiro, criando um degrau entre as linhas que descem do alto do para brisa, algo que não acontecia no antigo. Também nesta vista fica evidente que o lugar destinado ao farol de neblina ganhou um vinco emoldurando-o e também trazendo algum requinte as linhas extremamente simples do anterior.
Ainda está lá, embora suavizada, a linha que deixa o para lama com aparência musculosa. Na coluna A vemos uma das maiores mudanças, onde o quebra vento fixo agora acompanha a porta e não mais forma um degrau quando esta está aberta, como o Civic de 8ª geração.
Para manter a continuidade das linhas, o novo Civic ganhou um acabamento preto triangular. Ao que parece, esta mudança foi feita devido a uma inclinação ainda maior do para brisa. O retrovisor continua tendo sua base presa à porta.
Ainda nas janelas laterais, a base delas está um pouco mais alta, reforçando a esportividade. E na porta traseira, no fechamento das linhas da janela se encontram mais ou menos na metade da altura das janelas, aliviando um pouco a coluna C, dando um pouco de inspiração ao desenho, ao contrário do antigo que tinha estas linhas terminadas de forma mais abrupta.
Se por um lado ele perdeu o friso próximo à base das portas, por outro ele manteve o conceito de continuidade das linhas com um vinco surgido no para choque dianteiro, percorre a lateral e na porta traseira sobe unindo-se (visualmente) a fresta do para choque traseiro e a carroceria.
A linha de emenda da porta traseira agora acompanha a caixa de rodas, ao contrario da antiga que não sofria esta interferência. Chegando a traseira, temos em vista as maiores mudanças. Saem as linhas côncavas com lanternas de desenho irregular para entrar uma traseira mais abaulada com lanternas triangulares.
As linhas não são mais truncadas, agora primam pelo volume. Uma linha contínua pode ser notada das janelas traseiras que visualmente se unem as lanternas e ao vinco que as une no para choque traseiro. Este recurso de linhas o seu concorrente Chevrolet Cruze também usa.
Assim como acontece na dianteira, se o anterior usava linhas contínuas, este recebe vários degraus nas linhas da traseira também. A placa de licença agora não tem a companhia da régua. O prolongamento da lanterna na tampa do porta malas, porém, não pode ser aplaudido, até mesmo porque não tem função prática.
O para choque ganha volumes para parecer mais largo. Estes volumes são também continuidade dos volumes que se iniciam no para choque dianteiro e se amplia fortemente na porta traseira. Assim como o antigo, seu para choque não recebe qualquer interferência, sendo liso.
O interior também é uma reinterpretação do anterior, e por ter linhas mais retas, por vezes parece até mais antigo. Dividido em dois, a parte superior está maior, já que além de abrigar o velocímetro e medidor de temperatura e volume de combustível no tanque, recebeu uma tela maior para o computador de bordo.
Neste ponto, o painel parece mais pesado, perdendo a leveza característica do antigo. A parte centra agora está ainda mais voltada para o motorista, criando um espaço bem definido entre ele e o carona, ao contrário de vários outros lançamentos com o “duplo cockpit”.
O interior perde também um dos seus maiores charmes, a alavanca de freio de estacionamento em formato de “Z”, que além de bonita era prática. O painel todo trocou uma forma mais côncava por uma orientação mais retilínea, o que reforça a impressão de ter ficado com uma aparência mais antiga.
O Civic de nona geração é então uma novidade que parece não parece ser exatamente uma novidade. Ao ficar mais conservador ele tende a atingir uma parcela de consumidores maior, é verdade, mas a jugar pelo sucesso da geração anterior vemos que a parcela dos “ousados” não é pequena.
Quem sabe na décima geração teremos um Civic que os contemple… A história dá fortes indícios que sim.
Por Durval dos Santos Neto
