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Vizinho, esse importante personagem

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Notícias Automotivas - Carros - Vizinho, esse importante personagem

fusion gt Vizinho, esse importante personagem

Nas grandes publicações impressas sobre carros sempre lemos sobre a importância de impressionar o vizinho. Ao longo dos anos esse personagem se tornou frequente nas avaliações de algumas revistas, e logo, importante para muitos consumidores, que passaram a colocá-lo como referência para compra de um automóvel novo.

O ser humano gosta de mostrar superioridade para o semelhante. Talvez seja um comportamento normal, até indispensável num espaço cheio de seres iguais em direito e capacidade. Quem mais se mostra, mais é promovido e ganha. É quase como uma “seleção natural”, em que os que fazem marketing pessoal tem maiores chances de sobreviver. Os bens são meios de promoção pessoal, e o carro é o mais representativo deles, por acompanhar seu proprietário nos mais diversos cenários (trabalho, balada, passeio…). Portanto, nada mais “lógico” que ter um transporte que se destaque.

Antigamente os bons carros de luxo tinham grandes peças cromadas, faróis circulares que pareciam grandes pedras preciosas, pneus com faixa branca, teto de vinil, enfim, vários elementos que os distinguiam dos “pé-de-boi”. Hoje não é diferente: rodas enormes “protegidas” por pneus baixos, pequena área envidraçada, faróis igualmente valiosos e filetes cromados são comuns em modelos que estão acima dos populares. A parte externa é o que impressiona, o que “causa”.

Essa preocupação com “o de fora” bate de frente com a preocupação com o interior, em termos de conforto e segurança. Sendo assim, o vizinho é mais importante que a esposa, que não tem direito a um banco confortável, a um cinto com pré-tensionador, a uma bolsa inflável ou mesmo a um porta-luvas decente, com tampa e refrigeração (ótimo para conservar cosméticos). Mas o vizinho precisa saber que o carro tem rodas 16”, porta-malas sem fechadura aparente, retrovisor com rebatimento automático ou pneus de uso misto.

Carros com bom isolamento acústico e painel bem acabado são trocados por modelos de maior apelo estético, de “maior expressão social”. Modelos que não deveriam fazer sucesso, como Celta (pela péssima ergonomia), Agile (pelo projeto arcaico) ou o Crossfox (pelo desvantajoso custo/benefício), ficam ou ficaram entre os mais vendidos. Por outro lado, os que mereciam fazer sucesso jamais conseguiram entrar na lista dos “dez mais”.

Parece que em hipótese alguma o brasileiro pode ficar sem carro, pois pechinchar por preços menores é costume cultivado por poucos. Corolla e Hilux seriam mais baratos se seus futuros donos cobrassem um preço menor e os comparassem com concorrentes mais baratos. “Mas pechinchar é coisa de quem não tem dinheiro e meu vizinho me imagina um homem bem-sucedido financeiramente”, deve pensar alguns. Pois é, tudo indica que a graça é pagar R$ 90 mil por sedã médio e poder mostrá-lo para a vizinhança.

Elementos que prejudicam a imagem do carro sumiram das novas latarias. Adesivos como “L”, “CL” e “1.0” deram lugar a “Maxx”, “Power”, “Highline”. Rodas de aço descobertas e para-choques sem pintura deixaram de existir. A inscrição na lateral “4×4 Turbodiesel Automatic” é um verdadeiro troféu.

Andaram dizendo por aí que só no Brasil se tem um lucro justo. É verdade. Graças aos vizinhos.

Texto: Diego M. de Sousa - www.motoreport.com.br
Foto: Daniel Silveira


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