![chery-face-14 Chery Face: história, motor, consumo, equipamentos (e detalhes)]()
O Chery Face foi um hatch compacto vendido pela marca chinesa entre os anos de 2007 e 2015 (chegou no Brasil em 2010) sendo designado Chery A1 no mercado doméstico de seu país de origem e recebendo outros nomes, dependendo do mercado.
O modelo foi um dos principais do fabricante de Wuhu.
Nascido em um projeto próprio, alto raro na virada da década de 2000 na China, o Chery Face foi desenhado por ninguém menos que o estúdio Bertone, adotando um visual atraente e bem funcional.
Apesar da plataforma alongada e modificada do antigo Chery QQ e algumas características indesejáveis, como o movimento da suspensão traseira, por exemplo, o hatch tinha uma proposta interessante.
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Um dos primeiros carros exportados pela empresa, o Chery Face abriu novos mercados para a fabricante asiática, que o produziu também na Venezuela, Egito, Uruguai e até na Itália.
Foi vendido com marcas como a italiana DR Motor e a egípcia Speranza. O hatch chinês chegou mesmo a vestir-se como um produto da Chrysler, mas não deu certo.
No Brasil, o Chery Face foi a segunda opção mais barata da Chery e evoluiu ao ponto de receber tecnologia flex, sem contar sua montagem regional.
Com bom espaço interno, porta-malas condizente com a proposta e desempenho mediano, o Face mostrou que era robusto e até hoje é visto nas ruas geralmente em boa forma.
Chery Face
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O Chery Face chegou ao Brasil no começo de 2010.
O hatch desembarcou via Uruguai, onde era montado em regime de CKD na cidade de Barra de Carrasco, região metropolitana de Montevidéu.
Custando R$ 29.990, o hatch compacto logo teve aumento de preço, subindo para R$ 32.990.
Mas, antes disso, o Chery Face teve uma rápida trajetória no mercado chinês e em outras regiões.
Conhecido como projeto S12, o modelo teve as primeiras imagens dos protótipos na fábrica ainda em 2007, embora tenha sido mostrado no Salão de Istambul em 2006 como conceito.
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O projeto consistia em um hatch com teto alto e linha de cintura elevada, como uma minivan, mas de dimensões reduzidas e uso da plataforma do Chery QQ, mas ampliada e melhorada.
Além disso, o Chery Face deveria ainda oferecer bom espaço interno para cinco pessoas e bom volume no bagageiro, bem como ampla área envidraçada.
Como modelo acima do QQ, o Chery Face deveria oferecer vantagens ao consumidor, a começar pelo motor 1.3 mais potente que o 1.1 usado no pequenino de entrada.
O hatch ainda deveria portar tecnologias que os carros em sua maioria não possuíam em determinadas regiões, como o Brasil.
Com apenas 3,700 m de comprimento, 1,580 m de largura, 1,520 m de altura e 2,390 m de entre eixos, o Chery Face tinha 190 litros no porta-malas, medidos até a altura dos vidros, assim como 45 litros no tanque de combustível.
Apesar de sua estrutura parecer leve, ele era um tanto pesadinho, com 1.040 kg.
Chery Face – Design
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O Chery Face foi desenhado pelo estúdio italiano Bertone, renomado em todo o mundo, este desenhou carros como Lancia Stratos HF, Opel Astra G, Lamborghini Miura, Ferrari 250 GT, Fiat Dino Coupé, entre outros.
Muito parecido com o Volkswagen Fox, o modelo chinês aproveitou o melhor que os europeus ofereciam na época em design.
Com frente baixa e curta, o Chery Face tinha ampla área envidraçada e colunas C reforçadas. Os faróis eram grandes e tinha dupla parábola, agregando também lanterna e repetidores de direção.
O capô avançava sobre a pequena grade, sem detalhes estéticos dignos de nota. O logotipo da Chery ia na tampa do motor.
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O para-choque era envolvente e tinha dois faróis de neblina circulares, assim como grade inferior simples.
O Chery Face tinha ainda piscas nas laterais dos para-lamas dianteiros, retrovisores com tamanho compacto, maçanetas embutidas nas portas e colunas pretas. Havia também barras longitudinais no teto.
Na traseira truncada, assim como na frente envolvente, o Chery Face tinha um conjunto ótico enorme, com lanternas que com lentes de aparência sobreposta, que iam do para-lama limpo com sensores de estacionamento e suporte de placa até a base das colunas.
A vigia traseira era integral e a tampa do bagageiro lisa. O hatch já vinha com limpador/lavador do vidro e antena no teto. As rodas de liga leve eram aro 14 polegadas e os pneus 175/60 R14.
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O Chery Face nunca teve atualização visual no mercado nacional, apesar de ter recebido rodas de liga leve diferenciadas.
Na Europa, o modelo foi vendido pela DR Motor da Itália como DR2, recebendo para-choques mais agressivos, rodas de liga leve aro 15 polegadas e de design raiado, assim como a grade era estilizada.
O hatch foi montado em CKD cidade de Macchia d´Isernia.
Chery Face – interior diferente
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O Chery Face tinha um interior bem elaborado e que em certos aspectos lembrava um conceito.
Na época, ainda sem experiência, a marca chinesa simplesmente reproduziu a proposta conceitual de Bertone para a linha de produção. Em dois tons, o conjunto era bem moderno para a época, pelo menos em estilo.
O cluster, por exemplo, tinha iluminação direta e um display com computador de bordo em fundo branco, assim como boa disposição dos instrumentos.
O item também escondia coisas que o projeto do Chery Face demandava originalmente, como alerta de pressão dos pneus, por exemplo.
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O volante de três raios não tinha comandos remotos e apenas ajuste vertical, mas tinha um visual interessante, embora parte do airbag pudesse ser vista.
Sem demérito se for feita uma comparação com o Fiat Bravo nacional… O conjunto era quase todo em cinza escuro, mas a parte central era em cinza bem claro, mesma tonalidade dos difusores de ar laterais e comandos dos faróis.
As saídas de ar podiam ser fechadas totalmente, lembrando carros premium.
O sistema de áudio 2din era embutido no acabamento do painel e tinha CD player, além de entrada micro-USB, o que exigia um cabo para plugar um pen drive de música, por exemplo. Não havia Bluetooth.
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Porém, na China, era oferecida uma central multimídia com tela de 7 polegadas e reprodução de DVD, assim como câmera de ré, entre outros. Nunca foi oferecida no Brasil.
Os comandos de climatização eram quase embutidos, tendo logo abaixo um acendedor de cigarros e um cinzeiro, ambos num formato circular.
O projeto do Chery Face era tão elaborado que entre acendedor de cigarros e o ar condicionado, ficava embutido um porta-copos duplo retrátil.
Assim, o túnel ganhou uma cobertura bem montada, que sustentava a alavanca de câmbio e o freio de estacionamento, este em forma de pá. O porta-luvas tinha tamanho mediano e o airbag do passageiro tinha capa destacada.
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O Chery Face tinha ainda um porta-objetos sobre o painel, assim como porta-objetos nas portas e um porta-copo único para quem ia atrás.
O hatch tinha ainda comandos elétricos para todos os vidros, mas com um toque apenas para descer de forma geral. Os botões eram iluminados, assim como o comando dos retrovisores na coluna da porta.
O compacto tinha também ajuste elétrico de altura dos faróis e do cluster. Mas, o que realmente surpreendia no Chery Face era o acabamento.
Não o dos bancos, que tinham tecido de aspecto áspero e fraco, embora tenha se mostrado resistente, apesar de ser facilmente sujo.
Aliás, os bancos tinham dois tons, sendo amarelado na parte central e cinza escuro nas laterais.
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Embora não pareça, mas houve dois tamanhos de bancos do Chery Face no Brasil.
O importado do Uruguai era mais largo e confortável, enquanto o do modelo chinês, que também chegou aqui, era mais estreito e não comportava bem um corpo grande.
Tinha ajuste de altura. Mas, a costura geral era de má qualidade. O banco traseiro era bipartido.
Muitos consumidores acabaram colocando couro nos assentos e parte das portas para ficar mais ao gosto pessoal e evitar sujeira do dia a dia.
No entanto, o Chery Face surpreendia pelo design e acabamento das portas e laterais. As portas dianteiras e traseiras tinham um desenho unificado e harmônico, mesclando plástico duro cinza escuro com frisos em cinza brilhante e tecido amarelado ao centro.
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As maçanetas ficavam na altura dos frisos e fundiam-se com eles, enquanto puxadores das portas e comandos dos vidros eram em cinza brilhante.
Se isso já não bastasse, o Chery Face tinha ainda as colunas B com o mesmo acabamento! O teto era cinza claro e tinha luzes de leitura, assim como para-sóis com espelhos.
Haviam quatro alto-falantes, sendo dois no porta-malas. Os cintos eram de três pontos com acabamento em cinza brilhante, mas o quinto passageiro era subabdominal.
O porta-malas era pequeno, mas com revestimento adequado e fácil acesso ao estepe.
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Um detalhe que chamava atenção no Chery Face, porém, eram as luzes de alerta do sensor de estacionamento, que ficavam no teto interno do carro, atrás do banco traseiro.
O Mercedes-Benz Classe A da geração anterior, também usava o mesmo recurso, mas também na frente no painel interno frontal.
Apesar do acabamento interno (de portas e colunas) ser aparentemente muito superior visualmente a qualquer proposta da época e de agora no segmento de compactos, pode-se incluir até carros de luxo como Audi A1 e MINI Cooper, o Chery Face carecia de um controle de qualidade.
O banco traseiro fazia barulho, assim como a tampa interna. Algumas peças tinham rebarbas toscas e a costura dos bancos era quase caseira.
Assim, muitos clientes da marca reclamaram dos barulhos internos. Enquanto ainda “aprendia” a montar um interior como se deve, a Chery fazia coisas surpreendentes, como pintura metálica dentro do cofre do motor, por exemplo.
Chery Face – motor
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Falando da parte mecânica, o Chery Face tinha uma plataforma não moderna, que ostentava ao mesmo tempo eixo traseiro rígido com barra estabilizadora transversal e longos braços apoiados quase no meio das portas traseiras.
O sistema era arcaico e usado mais em veículos comerciais. Além disso, provocada grande estalo em certos ângulos.
Na dianteira, o conjunto era McPherson com barra estabilizadora. Os amortecedores traseiros iam no próprio eixo, por exemplo. Na frente, o conjunto era padrão.
A Chery adicionou batentes extras nas torres para evitar pancadas secas, comuns nos carros trazidos ao Brasil.
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A direção era hidráulica e com certa progressão. Já os freios eram a disco ventilado na frente e tambor traseiro com ABS e EDB.
O Chery Face nunca teve controles de tração e muito menos estabilidade, mas em determinados países tinha sistema anticongelamento para partida e aqui a tecnologia flex.
No caso do motor, o Chery Face basicamente usou o SQR473, embora tenha empregado o 472 também. Este último era 1.0 16V de quatro cilindros com 72 cavalos, usado apenas na China.
Aqui, o modelo chegou com o primeiro citado, um propulsor feito pela Acteco, divisão de motores e transmissões da Chery, cujo projeto surgiu de uma parceria com a AVL austríaca.
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A Chery chegou a vender 100.000 motores para a Fiat, por exemplo. O SQR473 era um 1.3 feito totalmente em alumínio, incluindo o cárter, que era bem rígido.
Com duplo comando de válvulas no cabeçote e correia dentada, o propulsor de 1.297 cm3 era bem robusto e entregava originalmente 84 cavalos a 5.750 rpm e 11,4 kgfm a 3.500 rpm.
Com câmbio manual de cinco marchas, o Chery Face ia de 0 a 100 km/h em torno de 13 segundos e com máxima de 156 km/h.
O carro tinha relações longas, uma preferência do consumidor chinês que não atendia aos padrões do brasileiro, algo que até hoje afeta dos carros chineses por aqui. O consumo era de 11 km/l na cidade e 14,5 km/l na estrada, nada mal.
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Em 2013, o Chery Face passou a dispor do motor SQR473 com tecnologia flex. Assim, o 1.3 ganhou mais disposição com 90 cavalos na gasolina e 91 cavalos no etanol, ambos a 5.600 rpm.
O torque era de 13,1/13,2 kgfm a 4.600 rpm, um salto inexplicável de rotação.
A aceleração de 0 a 100 km/h melhorou, mas o consumo não, fazendo 7,5/11,0 km/l no etanol e 9,8/14,3 km/l na gasolina, respectivamente cidade e estrada.
Dodge Breeze
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Na China, o Chery Face ganhou ainda uma versão automatizada, chamada EZ-Drive, que (felizmente) nunca chegou ao Brasil.
O modelo tinha em seu projeto ainda teto solar elétrico, também não oferecido por aqui. Sua base chamou a atenção da Chrysler em 2008.
Em plena crise, que a levaria à bancarrota em pouco tempo, a Chrysler chegou a desenhar um acordo com a Chery para vender alguns modelos em determinados mercados, sendo que o Face chegou a ser visto como Dodge Breeze.
O projeto não deu certo devido aos problemas de qualidade e segurança.
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